Postagens

Sonhos Lúcidos parte IV

De repente eu estava nessa cidade ao anoitecer. Lembro de muitas ladeiras e eu só lembro de andar nas subidas.  Eu chegava com um amigo, que eu não lembro o nome e esse logo sumiu no meio de um povo que encontramos. Os postes pequenos e metálicos eram iluminados por chamas amarelas. As ruas estreitas de paralelepípedo e as janelas alongadas de cores variadas já me davam a dica, mas quando eu vi muitas charretes e nenhum automóvel é que me dei conta. Aquele não era o meu tempo. Estava em outra época. As pessoas cagando sem ocupação trajavam vestes formais, enquanto outras bem ocupadas usavam roupas sujas e com buracos. Entrei em muitas casas onde alguma festa acontecia. As mais ricas serviam vinho com queijos e luz de velas. Já as mais pobres tinha samba, fogueira e uma bebida que ardia quando descia. A fuligem ardia nos olhos. Numa dessas, fiz um novo amigo, seu nome era Candinho. Moço que sorria para todo mundo, conhecia todas as pessoas ali. Era fino, e se vestia todo alinhado na...

O Sonhos lúcidos - parte III

O mundo não era mais o mesmo, acho que tudo tinha se acabado. Eu e meu irmão éramos os últimos dos nossos andando na escuridão de vento gelado. O céu encoberto tinha manchas amarelas por onde nos guiavamos na estrada de chão duro. Não crescia mais nada nas terras. Não sei dizer para onde íamos, pode ser que a gente só andava para não ficar no mesmo lugar. Andamos até chegar num tipo de fazenda em ruínas. E ainda bem, porque meus pés doíam de pisar no chão duro e frio. Meu irmão disse para dormirmos num lugar de poucas tábuas que parecia um chiqueiro ou um galinheiro, talvez tenha sido os dois. E eu sugeri que fôssemos para dentro da casa onde estaríamos mais protegidos e aquecidos. Mas antes que eu pudesse insistir, ele já estava enrolado nos cobertores, dormia profundamente e em paz. Estava muito frio e ventava. Aquele lugar não tinha como nos aquecer mais que as estradas. Não podíamos acender uma fogueira por saber o que elas atraíam. Só me enrolei bem e fiquei junto ao meu irmão. Ab...

A jornada do Professor - No princípio

Eu fui levado até o início de tudo em nosso mundo e fui testemunha de eras se passando em minutos: No princípio a única coisa sob o mundo era água, um oceano sem cor por todos envolvia todo o globo de horizonte a horizonte. Era sem cor porque refletia a luz difusa e enevoada acima. Uma luz débil, mas certamente foi a primeira coisa a ser criada.  E no momento seguinte eu vi descer da luz acima perto do horizonte norte um colosso sem igual. Seus movimentos faziam ondas como as maiores montanhas e mesmo assim não se igualavam em nada ao colosso. Não havia rosto e nem feições ali, mas tinha membros como os nossos, tinha torço e uma cabeça como nós. Seu corpo era semelhante a luz lá de cima.  Com seus passos quilométricos chegou próximo de onde eu pairava e não me notou. E ali parando afundou seus braços no mar e fez a água borbulhar até deixar de ser sem cor para se tornar esverdeada no entorno. E dali vi crescer folhagens e depois ramos, galhos e um tronco. depois disso ela só c...

Sonhos lúcidos - parte I

Acordei de um sonho ruim, estava assustado, ainda palpitando. O coração começava a se aquietar percebendo que era tudo um sonho. Olhei ao redor na escuridão. Era só pra ter certeza que estava de volta no meu quarto Foi quando vi um rosto de criança olhando para mim. Também um gato de pelos alaranjados pulando sobre os móveis. Eu logo reconheci a criança para junto de mim, era meu sobrinho. E ela veio sorrindo. O gato também sorriu. Nunca tinha visto um sorrir e gritei espantando o bicho. Quando percebeu minha estranheza e correu para um canto do meu quarto e desfez o sorriso.  Meu sobrinho ria dessa situação e esticou os braços para brincar com o gato. Eu o chamei e disse bem sério que aquilo não era um gato, só tinha pagado a forma de um. Ou tinha se apossado de um. Não lembro bem o que expliquei. O gato então fez uma feição de raiva e mordeu a criança e abocanhou alguma coisa escura e redonda no meu quarto. E saia correndo pela porta quando o puxei pelo rabo. Imediatamente fui mo...

Sonhos lúcidos - parte II

Estava na rodovia em direção a presidente prudente para aproveitar o feriado e ver amigos queridos.  Estava só eu no carro, a estrada era reta e vazia. O Sol estava no alto e tudo era claro. Passei por dois amigos que também iam para o mesmo lugar. Quando pensei em parar o carro e lhes oferecer carona um ônibus passou e os acolheu. Fiquei chateado com minha exitação. Voltei para a estrada. Se tivesse companhia eu teria com quem conversar e o tempo passaria melhor. Agora seria só eu, a estrada, o sol e o barulho do motor. No momento seguinte eu acordei e já era noite. Não tinha mais asfalto e sim uma estrada de terra toda acidentada. No pânico eu pensei rápido e vi a rodovia ao lado. E peguei um barranco como acesso. Nem pensei nas condições da minha suspensão.  Era noite e logo pensei ter dormido só volante. Entrei num posto ou cidadezinha pra descansar e me recuperar do susto. Deixei o carro estacionado e fui atrás de um café.  Porém todo o comércio estavam fechados ou e...

Queria aquele tempo aqui e agora

Imagem
                Lembro do tempo que me fiz pedra.               Fiz isso só para você poder chorar no meu ombro por horas sem fim.               Lembro  daquelas noites escuras de céu salpicado com o branco de estrelas distantes.              Sentia um frio na barriga e me confortava, a recompensa era o que poderia vir a ser.                Queria só que pudesse me ver agora que eu também sei chorar.               Mas agora não sobrou nenhum ombro para mim.                 Minha cabeça é pesada demais para alguém querer suportar.                Meu corpo é pesado demais para alguém querer levantar.         ...
Imagem