Sonhos lúcidos - parte II
Estava na rodovia em direção a presidente prudente para aproveitar o feriado e ver amigos queridos.
Estava só eu no carro, a estrada era reta e vazia. O Sol estava no alto e tudo era claro. Passei por dois amigos que também iam para o mesmo lugar. Quando pensei em parar o carro e lhes oferecer carona um ônibus passou e os acolheu. Fiquei chateado com minha exitação.
Voltei para a estrada. Se tivesse companhia eu teria com quem conversar e o tempo passaria melhor. Agora seria só eu, a estrada, o sol e o barulho do motor.
No momento seguinte eu acordei e já era noite. Não tinha mais asfalto e sim uma estrada de terra toda acidentada. No pânico eu pensei rápido e vi a rodovia ao lado. E peguei um barranco como acesso. Nem pensei nas condições da minha suspensão.
Era noite e logo pensei ter dormido só volante. Entrei num posto ou cidadezinha pra descansar e me recuperar do susto. Deixei o carro estacionado e fui atrás de um café.
Porém todo o comércio estavam fechados ou estavam encerrando suas atividades. Foi quando encontrei uma amiga do trabalho nesse lugar e começamos a conversar. Já tinha desistido do café. Cada um ia pegar seu carro e seguir viagem.
Minha surpresa foi não encontrar o meu onde tinha deixado. Na verdade eu não encontrei o carro e nem o lugar onde teria deixado. Entrei em Pânico e essa amiga me auxiliou na busca pelo veículo. E as poucas pessoas ainda nas ruas também não o viram. Mesmo com meu desespero elas pouco se importavam e seguiram seus caminhos, fechavam suas lojas.
No momento seguinte fiquei só no escuro, minha amiga tinha se perdido. Fiquei sozinho nesse lugar escuro com carros que não eram o meu. Iluminados pelos postes.
Acordei na minha cama. Era tudo um sonho. Meu carro estava na garagem, eu lembrava de ter deixado lá na noite anterior.
Me levantei precisando ir ao banheiro. No corredor estava escuro ainda, o dia não tinha nascido. Vi um rosto no escuro. Era uma criança. Era meu sobrinho caçula. Que se aproximou e chamou por mim.
- Você não vai falar nada! Eu disse em voz alta.
- Mas tio...
- Não diga nada para mim! Você não é ele!
Aos poucos o rosto dele se transformava no rosto de outra criança, mas ainda guardava algumas feições do meu sobrinho.
- O meu pai mandou falar que...
O pai dele está morto há anos.
- Eu não quero saber! Gritei com ele que não desfazia o sorriso.
No fundo me doía falar daquele jeito com um rosto tão amado, mas eu sentia que era preciso.
No momento seguinte. Eu despertei mais uma vez. E também estava escuro. Olhei no celular e era 3h12 da madrugada. Tentei ficar na cama e a voz da minha irmã (mãe do sobrinho e viúva do cunhado). Ela não sussurrou no meu ouvido, ela falou dentro da minha cabeça.
Ela disse que meu irmão tinha morrido afogado.
Desisti de dormir. Liguei a televisão, abri a janela e acendi um cigarro.
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